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Evento reuniu promotores e procuradores de Justiça, servidores, colaboradores, estagiários e convidados no Auditório Vermelho e exibiu vídeo de estreia da iniciativa, sobre a importância de se falar do racismo. Segundo procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, “MP adota agenda corajosa e firme, sem retrocesso, para que a instituição sirva de exemplo e tenha a dignidade para trabalhar o tema lá fora”.

 

Nesta terça-feira, 21 de março, Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial e Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Procuradoria-Geral de Justiça, lançou seu primeiro programa institucional antirracista, o “Sobre Tons”, com a participação da jornalista e apresentadora da TV Globo Aline Aguiar.  

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Produzido pela Assessoria de Comunicação Integrada (Asscom) do MPMG, a partir de proposta apresentada pelo Grupo de Trabalho (GT) Antirracismo da instituição e acatada pelo procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, o programa é voltado ao público interno e trará, periodicamente, conteúdos informativos sobre o racismo. O primeiro vídeo, que contou com depoimentos de integrantes negros da instituição e tratou da importância de se falar sobre o assunto, foi exibido durante o evento. 

Até o mês de novembro, outros subtemas serão abordados, como colorismo, racismo e participação democrática, racismo estrutural, racismo recreativo, educação antirracista, branquitude, lugar de fala, entre outros, com o objetivo de sensibilizar o público-alvo para a importância de se olhar e reconhecer a discriminação racial, a fim de combatê-la.  

Na abertura do evento, o promotor de Justiça Allender Barreto Lima, que está à frente da Coordenadoria de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (CCRAD) e integra o GT Antirracismo, destacou que o lançamento do Sobre Tons representa um marco histórico para o MPMG. “A batalha por justiça, respeito e reparação de um povo macerado pelo sistema escravocrata passa pela renovação de normas e práticas institucionais com vistas ao resgate e à garantia de dignidade do povo negro. Há diversos caminhos possíveis para o enfrentamento ao racismo. O GT Antirracista do MPMG apostou na informação, na sensibilização e no envolvimento da comunidade ministerial na elaboração do programa Sobre Tons”, pontuou. 

Citando a filósofa Djamila Ribeiro, Allender salientou que é impossível não ser racista tendo sido criado numa sociedade racista. “É algo que está em nós e contra o que devemos lutar sempre. O que está em jogo não é um posicionamento moral, individual, mas um problema estrutural”.  

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Para a promotora de Justiça de Três Pontas Ana Gabriela Brito, que também integra o GT Antirracismo, a força, inclusive simbólica, do Sobre Tons é imensa. “Com ele, a Procuradoria-Geral de Justiça e o MPMG afirmam que o combate ao racismo não é medida a ser implementada apenas por grupos afetados negativamente pela racialização ou por ‘simpatizantes da causa’. Que a ação antirracista não é uma escolha de integrantes do Ministério Público brasileiro, a ser balizada pelo princípio da independência funcional. Trata-se de uma imposição constitucional, a ser cumprida à luz do princípio da unidade”.  

De acordo com Jarbas Soares Júnior, com o lançamento do programa, o MPMG adota uma agenda “corajosa e firme, sem retrocesso, para que a instituição sirva exemplo e tenha a dignidade para trabalhar o tema lá fora”. 

O procurador-geral de Justiça ainda afirmou que este dia 21 de março foi um dos momentos mais marcantes dos seus 30 anos de Ministério Público, porque a instituição está, definitivamente, indo ao encontro do que a Constituição Federal (CF) determinou. “A CF é preta, amarela, indígena, cigana, branca, mestiça, feminista, igualitária. E ela nos chama a uma responsabilidade muito grande. É vergonho que o nosso país ainda tenha que ter uma Coordenadoria de combate ao racismo”, considerou. 

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Racismo estrutural 

A jornalista Aline Aguiar, que está, atualmente, de licença maternidade e levou o filho Otto, de quatro meses, ao evento, para amamentá-lo nos momentos demandados, iniciou sua fala se apresentando como mulher negra e provocando reflexões no público sobre a posição ocupada pelas pessoas negras na sociedade brasileira e sobre os privilégios reservados às pessoas brancas.  

Ao longo da palestra, Aline contou experiências pessoais vividas, desde a infância, com o racismo. Um dos casos relatados ocorreu quando ela tinha sete anos. Ao percebe-se diferente do que era ditado como normal e bonito pela sociedade, ela pediu à mãe para trocar a cor da sua pele. Mais tarde, ainda como tentativa de se “embranquecer”, começou a alisar o cabelo. “Quem vai querer ser negro, se o negro tem uma representação ruim na sociedade?”, questionou.  

A palestrante confidenciou também que recebeu muitos nãos em sua vida profissional, em razão da cor da sua pele, e que levou 10 anos para chegar onde está. “Para atingir um mesmo alvo, algumas pessoas vão em uma linha reta e chegam com poucos passos. Outras precisam pegar um caminho mais longo, com muitas curvas e obstáculos”. 

A jornalista frisou, mais de uma vez, que o racismo nega direitos, tira oportunidades e oprime. Além disso, parabenizou o MPMG pela iniciativa, destacando que toda transformação exige que se olhe, primeiramente, para dentro. “Se há práticas racistas nas instituições é porque a sociedade é racista. As instituições precisam fazer o caminho inverso: trabalhar internamente o problema para transformar a sociedade”, apontou.  

Aline Aguiar ainda ressaltou a importância de as pessoas deixarem marcas positivas no mundo. “Só vale a pena passar por este mundo se a gente deixar algo aqui. E o que vamos deixar? Se não fizermos nada, a sociedade continuará injusta como é ou pode até piorar. É responsabilidade de todos fazer algo, e a gente começa dentro de casa, com a educação antirracista”, reforçou. 

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A origem do Sobre Tons 

O programa Sobre Tons nasceu no âmbito do GT Antirracista do MPMG, formado por promotoras e promotores de Justiça, servidores e colaboradores do MPMG, da capital e do interior, que se reúnem, mensalmente, há mais de um ano, para debater a pauta racial na instituição. O objetivo é que os conteúdos produzidos sirvam de fonte informativa para a comunidade do MPMG, colaborando para inserir os principais temas raciais no contexto institucional. 

 
 
 
 
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A primeira reunião do GT, com o objetivo de discutir e propor estratégias institucionais de enfrentamento ao racismo, no âmbito do MPMG, foi realizada em 12 de agosto de 2021. 

O evento de lançamento do Sobre Tons foi transmitido pela TV MP para integrantes da instituição de todo estado. Na abertura e no encerramento da solenidade, a cantora e compositoras mineira Gabriela Viegas apresentou canções autorais. 

A mesa de honra da cerimônia contou também com as presenças do corregedor-geral do MPMG, Marco Antonio Lopes De Almeida; do coordenador estadual de Promoção da Igualdade Racial, Clever Alves Machado; do defensor público de Direitos Humanos, Vladimir Rodrigues; da diretora-geral do MPMG, Clarissa Duarte Belone; da assessora-chefe da Comunicação Integrada, Giselle Correia Borges; e do secretário de Assuntos Institucionais do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Eduardo Maia. 

Veja mais fotos do evento:

Lançamento programa "Sobre Tons" combate ao racismo - 21.03.23

 

 

 

 

 

 

 

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