Painel de importante artista da abstração geométrica do país está localizada no antigo prédio do Detran-MG, um dos ícones da arquitetura modernista. Projeto foi contemplado pelo programa “Minas para Sempre”, do Ministério Público de Minas Gerais

 

 

Depois de passar por um período de restauração, que durou cerca de um ano, foi entregue à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) na manhã desta segunda-feira, 4 de agosto, o painel “Abstrato”, do artista mineiro Mário Silésio. A obra adorna a fachada do antigo prédio do Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), localizado na avenida João Pinheiro, em Belo Horizonte. O projeto de restauração e conservação, contemplado pelo programa “Minas para Sempre”, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), promove a restauração e conservação de bens integrantes do patrimônio cultural de Minas Gerais.

O painel, datado de 1959, possui 13,12 m de comprimento por 2,13 m de altura, e 31 cm de profundidade. Foi constituído por 630 lajotas, retangulares e vitrificadas, assentadas sobre parede de alvenaria, construída para esse fim, na fachada externa do prédio. As cerâmicas são de uma antiga fábrica paulista, desativada em 1999. Elas medem aproximadamente 30x15 cm e pesam, em valores aproximados, cerca de 1 KG.

A iniciativa direciona recursos provenientes de medidas compensatórias e mitigatórias acordadas entre o MPMG e entes privados, sendo administrada pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Caoma), Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC) e Centro de apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (CAO-ET).

A cerimônia realizada na antiga sede do Detran-MG e que agora abriga a Corregedoria da PCMG, contou com as presenças do coordenador da CPP, Marcelo Azevedo Maffra; secretário de Estado de Cultura, Leônidas de Oliveira; chefe PCMG, delegada-geral Letícia Gamboge; coordenador do Caoma, Luciano Luz Badini Martins; presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), João Paulo Martins; e corregedora da PCMG, Elizabeth de Freitas Assis Rocha.

De acordo com o promotor de Justiça Marcelo Maffra, “a restauração do painel de Mário Silésio é uma iniciativa feita por diversas pessoas e instituições e que agora retorna, não apenas para a população de Belo Horizonte, mas para Minas Gerais e todo o Brasil. Esse ícone da arquitetura modernista, tão representativo da potência artística do nosso estado, agora está restaurado. Então, é uma alegria para o Ministério Público, em parceria com a Polícia Civil, e a UFMG entregar essa importante obra. Espero que ela sirva de exemplo para replicarmos a iniciativa e andarmos cada vez mais de forma integrada na preservação do nosso patrimônio”.



O secretário Leônidas de Oliveira destacou que, “Minas Gerais é o estado com mais políticas de preservação do patrimônio cultural e o Ministério Público tem dado uma contribuição enorme para que essas políticas tenham andamento”.

Ainda conforme o secretário, “62% do patrimônio protegido no país está em Minas Gerais, 25% dos municípios brasileiros que se declararam turísticos, ao Ministério do Turismo, estão aqui e temos dez patrimônios que são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Minas Gerais é disparado o estado que mais preserva o patrimônio histórico e isso, sem o Ministério Público, seria impossível”.

Para a chefe da Polícia Civil, Letícia Gamboge, “nada é mais simbólico, para a Polícia Civil, dentro dessa missão de proteção do patrimônio e investigação dos crimes contra o patrimônio histórico, artístico e cultural do que receber essa obra magnífica de Mário Silésio restaurada”. 

Ainda segundo a delegada-geral, “é preciso agradecer ao Ministério Público não só por essa parceria que trata da restauração do painel, mas também as que permitiram à Polícia Civil adquirir novas tecnologias para a realização do nosso trabalho de investigação criminal, o soerguimento de uma aeronave King Air e tantos outros aportes importantes”.

A restauração e o artista
O projeto foi executado pelo Centro de Conservação e Restauração (Cecor) da Escola de Belas Artes da UFMG em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e recebeu, via “Plataforma Semente”, cerca de R$ 1,3 milhão.

De acordo com a Fundep, proponente da proposta, o painel encontrava-se em situação de alta vulnerabilidade e avançado estado de deterioração, necessitando de urgente intervenção. Nesse sentido, o Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), propôs a execução da conservação e restauração dos painéis, cujos resultados geram impacto no patrimônio propriamente dito e ainda proporcionam formação de pessoal, avanço na pesquisa e divulgação da riqueza da arte mineira.

Mário Silésio (1913-1990) é considerado um importante representante da arte mural no Brasil, com um estilo singular referente à estética do abstrato geométrico, com influência dos movimentos concretista e neoconcretista. Com ações de conservação, restauração e análises fisioquímicas, além de investigação documental e histórica sobre o artista e seu painel “Abstrato”, de 1959, o projeto interrompe o grave processo de degradação em curso. Além disso, promove a fruição artística e cultural da obra, devolvendo sua leitura estética e simbólica.

_{Com informações da Plataforma Semente, Centro de Conservação e Restauração (Cecor) da Escola de Belas Artes da UFMG e E-book “Conservação e Restauração do Painel Cerâmico” Abstrato” de Mário Silésio}

Ministério Público de Minas Gerais

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