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O painel cerâmico abstrato criado em 1959 por Mário Silésio, que durante anos permaneceu encoberto por tapumes no antigo prédio do Detran, em Belo Horizonte, voltou a integrar a paisagem da Avenida João Pinheiro depois de um cuidadoso processo de restauração. A obra modernista, hoje parte da sede da Corregedoria da Polícia Civil e do conjunto urbano tombado da Praça da Liberdade, ganhou nova vitalidade cromática e reafirma sua importância no patrimônio cultural mineiro. O processo de resturação e devolução foi tema do epidsódio 125 do programa Ponta a Ponta, da TV MP.
 
O projeto foi contemplado pelo programa Minas para Sempre, iniciativa do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em parceria com a plataforma Semente, que destina recursos de medidas compensatórias ambientais para a recuperação e valorização do patrimônio cultural em todas as regiões do estado. 
 
A execução ficou a cargo do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais da Escola de Belas Artes da UFMG (SECOR), sob coordenação da professora e restauradora Alessandra Rosado. Mais de 26 profissionais, entre pesquisadores, conservadores, restauradores e bolsistas, participaram das etapas, que duraram aproximadamente um ano e meio. 
 
Entre os principais desafios, a equipe se deparou com a perda de peças cerâmicas, sujidades, fissuras e intervenções inadequadas realizadas no passado. O processo de restauração incluiu consolidação de elementos, remoção de 72 cerâmicas em risco de desprendimento, reintegração de peças e reprodução de réplicas para áreas faltantes. Avançados recursos tecnológicos, como fotogrametria, câmeras térmicas e estudos com GPR, foram utilizados para diagnosticar a estrutura e orientar a intervenção. 
 
Segundo a arquiteta urbanista Andreia Lana Mendes Novais, analista do MPMG, a entrega do painel revitalizado devolve harmonia ao edifício modernista e ao conjunto urbano protegido. “Um bem cultural degradado transmite a ideia de abandono. Quando restaurado, o espaço volta a ser fruído pela comunidade, fortalecendo a identidade coletiva e incentivando novas ações de conservação”, afirmou. 
 
A restauração também resgatou a força cromática da obra de Silésio, destacando a maestria do artista na utilização de cores primárias em linguagem construtivista. Para Alessandra Rosado, a intervenção deixou como legado não apenas a preservação do painel, mas também uma extensa documentação técnica que servirá de referência para futuras gerações de conservadores e restauradores. 
 
A iniciativa evidencia a importância da preservação do patrimônio cultural mineiro, constantemente ameaçado por fatores como especulação imobiliária, turismo descontrolado, atividades econômicas predatórias, furtos e, mais recentemente, os impactos das mudanças climáticas. 
 
O MPMG, por meio da Coordenadoria de Patrimônio Cultural, atua há mais de duas décadas na defesa e valorização desse acervo, com projetos como o Minas para Sempre e a plataforma Sondar, que busca resgatar bens sacros, documentais e arqueológicos deslocados de seus locais de origem. 
 
Para Andreia Lana, a restauração do painel de Silésio simboliza um esforço coletivo que une poder público, instituições de ensino e sociedade civil em torno da preservação da memória artística e histórica. “Trabalho não falta e os desafios são diários, mas temos orgulho de contribuir para que o patrimônio mineiro seja protegido e transmitido às futuras gerações”, concluiu.

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Ministério Público de Minas Gerais

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