Início do conteúdo

Informação está presente no 2º Boletim de Dados divulgado pelo programa. A publicação celebrou o mês da mulher com o recorte analítico de gênero, voltado à análise das contratações de garotas. Também de acordo com o levantamento, das 43 meninas contratadas, 34 são negras, o que equivale a 79%.

 

No ano passado, 43 meninas de Belo Horizonte foram contratadas por meio do Programa Descubra – iniciativa da qual o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) faz parte e que encaminha adolescentes e jovens em situação de extrema vulnerabilidade para a aprendizagem profissional. O número representa 21,7% do total de adolescentes contratados: 198.  

Programa_descubra_NOTICIA.png

Dessas 43 meninas, 34 são negras, o que equivale a 79%. A maioria delas são dos programas socioassistenciais.  

Estas informações estão presentes no 2º Boletim de Dados do Programa Descubra de Belo Horizonte, divulgado no mês passado. A publicação celebrou o mês da mulher com o recorte analítico de gênero, voltado à análise das contratações de mulheres - cisgênero (que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer) e transgênero (que se identificam como mulheres, mas que tiveram o sexo masculino atribuído ao nascer).  

De acordo com o promotor de Justiça Márcio Rogério de Oliveira, da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (Infracional) de Belo Horizonte, as informações apresentadas pelo documento revelam a importância do acesso ao trabalho protegido e à aprendizagem profissional para as adolescentes.  

marcio_rogerio02.jpg

Ele chama atenção para o fato de que muitas delas vivenciarem a realidade de exploração do trabalho doméstico e sexual, além de outras formas de violência, em razão do gênero. Destaca, ainda, que muitas garotas se tornam mães cedo e precisam da renda para se manter e sustentar os filhos. “Essa oportunidade viabilizada pelo Descubra pode gerar a inclusão segura dessas meninas no mercado de trabalho”, avalia.  

Para o promotor, a porcentagem de adolescentes contratadas desperta o interesse porque a presença das meninas no sistema socioeducativo é muito mais baixa do que a dos meninos, girando em torno de 5%. Ou cerca, em um grupo de 100 adolescentes que praticam ato infracional, cerca de cinco são garotas. “O que a gente observa é que as meninas correspondem muito bem às oportunidades que são geradas e apresentam ótimo desempenho”, considerou. 

Em sua conclusão, o 2º Boletim de Dados destaca a importância do Programa Descubra, ao focar no público mais vulnerabilizado e atender o segmento ainda mais vulnerável, que são as meninas jovens, pobres, negras e com famílias numerosas. “Ele contribui para a movimentação dentro da estrutura social e do mercado de trabalho, protegendo-as contra a informalidade, desigualdades de remuneração e acesso a qualificação profissional, aumentando sua qualificação e projetando a diminuição das diferenças de gênero”.  

Disparidade 

Conforme o Boletim, em 2024, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a taxa de participação feminina no mercado de trabalho formal era de 43%. Mulheres ganhavam, em média, 80% do rendimento dos homens. Mulheres negras recebiam apenas 66% do rendimento das mulheres não negras. 

O levantamento revela, ainda, que 12,7% das mulheres atuavam em serviços domésticos e que 67,1% dessas trabalhadoras domésticas se declaravam pretas ou pardas. 

Em relação à formalização no trabalho doméstico, apenas 24,5% das trabalhadoras domésticas tinham carteira assinada em 2022, enquanto 37,3% dos homens trabalhadores domésticos tinham o trabalho formalizado. 

Outros dados 

O Boletim também traz dados gerais sobre o programa, em Belo Horizonte, referentes ao primeiro bimestre deste ano. De acordo com o documento, neste período, foram oferecidas 58 vagas pelas empresas Supermercados BH, Quantum Engenharia e empresas parceiras do Senai via Processo Seletivo Unificado. Estas vagas representam 23,5% das 247 vagas ofertadas no ano passado. 

Também nos dois primeiros meses deste ano, foram efetivados 56 contratos de aprendizagem, das 58 vagas ofertadas. Este total de contratos equivale a 28,3% dos 198 contratos efetivados em 2024.  

O documento aponta, ainda, que 26,8% dos adolescentes contratados tinham como origem institucional a Política de Atendimento Socioeducativo em meio aberto, 23,2% foram encaminhados pelo Serviço de Acolhimento Institucional e 17,9%  são atendidos no Programa Fica Vivo! Em resumo, 46,4% das contratações foram do socioeducativo (meio aberto, internação e semiliberdade) e 33,9% do socioassistencial. 

O programa 

Criado em 2019, o Programa Descubra é resultado de uma cooperação interinstitucional de órgãos e instituições federais, estaduais e municipais. O MPMG participou ativamente de sua elaboração e foi a primeira instituição a coordenar o programa.  

O objetivo é a inclusão em programas de aprendizagem e cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) ou qualificação profissional de adolescentes e jovens em condição de vulnerabilidade, especialmente os que cumprem ou são egressos de medidas socioeducativas, os que estão em situação de acolhimento institucional ou resgatados de situação de trabalho infantil. 

Acesse o boletim  

Fim da notícia

Ministério Público de Minas Gerais

Assessoria de Comunicação Integrada
Diretoria de Conteúdo Jornalístico
jornalismo@mpmg.mp.br
Final do conteúdo